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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Dia dos pais...

  Como eu me lembro! Ah, se lembro! Na verdade, a palavra mais correta nessa ocasião é recordar. Recordar: do latim re-cordis, tornar a passar pelo coração. Sempre no dia dos pais, ou também em seu aniversário, eu perguntava ao meu velho que desejava ganhar como presente em tal data, e ele sempre me respondia com a mesma frase: Meu presente maior é você comigo. E era verdade. Eu, sempre um grande oportunista, aproveitava e não dava nada. Mas não me critiquem, sempre estava lá com ele.
   Hoje [minto, ontem], a única coisa que queria compartilhar com nossos poucos, mas sinceros visitantes e leitores, é que nessa data simbólica, sinto a força do que ele me dizia, aquilo que sinto mais é a ausência de meu bom e velho pai. Ausência de corpo, porque no meu coração e na minha cabeça, meu pai sempre estará. Desde o futebol, passando pelo xadrez, até as ideias políticas e convicções, tudo que se passa por meu coração e minha cabeça tem um dedo, ou a mão da influência paterna. 

 Viva o Flamengo,Viva Bob Fischer, Viva Karl Marx, Viva Che Guevara, Viva Karl Marx, Viva Mercedes Sosa, Viva a Holanda, Viva os pais, principalmente o meu!


  Feliz dia dos pais, negada!




     MACKHNÓ SERPA

terça-feira, 26 de julho de 2011

Eugênio...

 Era um garoto que ,desde seu nascimento, sempre gostava de esquecer os problemas e gozar a vida. Seus pais até estranhavam como aquela criança tão raramente chorava, atitude tão comum para bebês de alguns meses de idade. Quando cagava ou mijava nas calças, ou estava com fome, náo chorava. Ria e fazia uma cara de coitado e de (como costumamos dizer no Ceará) "pidão". De fato, aquela era uma pessoa diferente. Eugeninho, ou geninho, como chamavam os pais, aos 7 anos de idade, via aquelas maravilhas e tesouros infantis em Shoppings (expostos de maneira estratégica a fod** com os pais) quando seus pais o levavam para passear, e em vez de chorar, espernear como seus colegas de idade, passava desapercebido e preferia na verdade correr, pular e traquinar com os que passavam.
 Mas, havia um problema. Eugeninho, destoava imensamente de sua família. Morava em uma casa na qual os conflitos eram constantes, moravam vários parentes, uns oportunistas, outros ingênuos demais, alguns outros mau-caráteres, outros gentis, alguns combativos. Era um família grande e desigualitária, onde todos buscavam seus interesses, nem sempre coletivos. E, uma coisa, toda a família tinha em comum: a sisudez. Justamente nesse aspecto, Geninho era único. Enquanto todos passavam sérios e compenetrados (muitas vezes cruzando a linha tênue que divide a seriedade e a antipatia), ele andava sempre de sorriso no rosto e brincalhão, irritando todos.
  O tempo passou, e ao contrário do que esperavam todos daquela grande estirpe, Eugênio não mudou. Ao invés de tornar-se um adulto sisudo devido a convivência diária, revelou-se uma pessoa animadora, divertida, farrista, brincalhona e alegre. Seus tios, principalmente os de melhor caráter o criticavam por ser muito displicente, por não se empenhar diante dos problemas da família. E ele:
  - Eu só quero rir da vida!- Dizia com sinceridade e com a reprovação de seus parentes. Com sinceridade, sim, pois Ernesto de fato não conseguiu levar nenhum projeto de vida a frente, por considerar que levar a vida a sério era uma grande perda de tempo
  Nunca fez mal a ninguém. Eugênio só queria mesmo brincar com a vida. E como ele, existem milhões ou bilhões de pessoas admiráveis no mundo que divertem-se com a própria existência. E assim como a família dele, é o mundo. Cheio de injustiças, desgraças e mau-caráteres. Tudo isso deixa esse tipo de personalidade em cheque: é válido rir enquanto acontece tudo isso? Na minha humilde opinião, sim. É a escolha mais admirável? Não. Devem ser criticados por isso? Eis a questão que me faço ao me deparar com tantas dessas pessoas todo dia...

                        Mackhnó Serpa

domingo, 19 de junho de 2011

Um velhinho gigante


Hoje, quando cheguei da prova de seleção para as casas de cultura da UFC, passei o olho pela minha conta no Facebook. Eis o que vi em destaque no meu mural:

New York Giants
HAPPY FATHERS DAY TO ALL THE GIANTS FANS OUT THERE!
  Foi então que me veio a tona o que me ocorreu temporada passada:

  Lembro-me perfeitamente de Setembro de 2010 à Fevereiro de 2011, quando eu, nas minhas estranhas paranóias, assistia ao vivo e em tempo real pela internet, às partidas do New York Giants, equipe de futebol americano da NFL pela qual torço ferrenhamente. Ele, um velhinho doente e sem muitas forças, principalmente nos dias mais difíceis e agudos de sua doença, observava minha piração durante cerca de 3 horas e meia (tempo de uma partida) e nada dizia. Certa vez, o perguntei por que não dizia nada enquanto eu assistia a NFL? Porque me surpreende tu gostar desse esporte que traduz os Estados Unidos-disse, com olhar de decepção e como que me diz "te criei pra gostar de futebol e tu me vem com esse esporte? Colonizado de merda.". Continuei acompanhando os Giants, afinal, realmente gosto do esporte e da equipe, todavia, dali em diante com uma expressão de envergonhado quando perto dele.  

   Eis que, já pelo final da temporada, 15ª de 17 rodadas, eu estava viajando durante o horário da partida. Aflição 'gigantesca' na viagem, pois o jogo era importantíssimo para as possibilidades dos Giants avançarem na competição. Quando chego em casa, ele está usando o computador.
  -Ei, velhinho, deixa eu dar uma olhada rapidinha aqui no placar do jogo dos Giants.
  -38 x 31
  -Pra quem?
  -Seu time perdeu. Estava ganhando até perto de acabar,quando o Philadelphia virou.
  Passei um tempo triste por causa da derrota e então foi que caiu a ficha.
  -Onde viu o resultado?
  -Acompanhei o tempo todo.

  De repente, notei o que aquilo representava. Perguntei mais tarde a ele, por que tinha acompanhado 3 horas e meia de un esporte que ele nem mesmo gosta, ainda mais quando era tão doloroso pra ele ficar sentado. Foi então que ele me disse. "Acompanhei por que tu gosta. Sabia que te interessava e fiquei apreensivo torcendo também. Uma vitória desses caras te deixa feliz.Torci, mas não deu. Sou um pé frio da porra. Desculpa.". Dei um forte abraço nele e nunca mais esqueci disso. Já são 5 meses que ele se foi.



 
                                                                         Mackhnó Serpa

terça-feira, 14 de junho de 2011

Como escrever...

"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar.
Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."
                                    Graciliano Ramos

                                                                            MACKHNÓ SERPA

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Escrevendo por escrever. Será que alguém lê?

      O DIREITO DO PROTESTO  
 Realmente criativo e inteligente foi o que vi ontem durante a viagem de volta a Fortaleza: é normal dentro dos ônibus da tal empresa rodoviária haver uma espécie de caderninho padronizado para que os passageiros registrem suas reclamações, sugestões e possíveis ocorrências. Esse dito cujo fica guardado em um espaço próprio no vidro que fica atrás do motorista. Não sei o que houve, mas nesse ônibus (no qual viajei ontem), o citado espaço destinado estava vazio (talvez pelo fato de o ônibus ser do mais simples). Via-se, entretanto, escrito no vidro, a base de pincel e com letras garrafais: "Gostaria de reclamar por terem tirado o livrinho de reclamações!" 
     NO TAL ÔNIBUS DE NOVO
  É, amigos. Na chegada a Fortaleza, estampava uma placa da prefeitura: "Fortaleza brilha como o Sol". Embaixo, pichado: "E é esburacada como a Lua!"




               MACKHNÓ SERPA

                                       

Quem é?*

 Perco-me e flagro-me à beira do choro. Lendo Eduardo Galeano, a mais autenticamente humana mistura de tristezas, dores, alegrias, agonias e sorrisos domina inteiramente minha alma. Nessa mistura consiste a beleza da humanidade, e por conseqüência do Universo. Ora, quem é esse mestre, esse senhor, esse suposto Deus chamado Eduardo Hughes Galeano que tem a sutil habilidade de despertar nos homens a humanidade, de fazer sentir-nos como de fato somos e de chorar sorrindo? Talvez, mestre, você possa dar-me a resposta correta, afinal, nada mais és que um humano talentoso, como todos somos, não somos? É "apenas" isso que és. Afinal, se fosse Deus, seria, por tradição e até mesmo por definição, indiferente. Mas não é. 


* Pequeno texto escrito após ler novamente "O livro dos abraços" durante o "saculejo", frio e tédio durante a viagem de Fortaleza a Barbalha para ver minha pequena musa.

                                     Mackhnó Serpa

sábado, 28 de maio de 2011

Palavras do mestre







 Programa simplesmente fantástico com Eduardo Galeano. Sem mais comentários. Que gênio latino-americano.

          MACKHNÓ SERPA

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Começou...

   Peço licença aos leitores do blog, para falar sobre o Campenato Brasileiro, que se iniciou ante-ontem. Considerado por muitos o campeonato nacional mais equilibrado do mundo (uma vez que há 12 times grandes que nunca podem ser descartados),o Brasileirão 2011 começou prometendo revelar ao mundo grandes jogadores, e vários candidatos a craques são revelações recentes como Neymar, Paulo Henrique Ganso, Leandro Damião, Lucas, Casemiro. Outros já são caras conhecidas como Ronaldinho Gaúcho, Fred, Rivaldo, D'alessandro, Liedson, Felipe, Loco Abreu, Kleber e outros. 
   E na primeira rodada, 15 times vieram com força máxima. No sábado, quatro jogos. A vitória do misto do Vasco sobre o misto do Ceará numa virada relâmpago graças ao garoto Bernardo, a vitória do mineiro sobre o paranaense no confronto dos Atléticos, o decepcionante empate do Internacional com o mistão do Santos e o passeio do Flamengo sobre o misto do Avaí, com destaque para a grande atuação de Ronaldinho Gaúcho. Já no domingo, mais 6 jogos: Corinthians surpreendeu e bateu o Grêmio no olímpico com golaço de Liédson; São Paulo surpreendeu e venceu o Flu no Rio de Janeiro; o Coritiba de olho na Copa do Brasil perdeu em casa para o Atlético Goianiense; o Palmeiras venceu o Botafogo num jogo morno e com um golaço de Kléber; no duelo entre recém-promovidos o América de minas levou a melhor sobre o Bahia; e o Cruzeiro perdeu para o Figueirense com um gol inusitado.

   E aí, quem vai ser o craque, o campeão, o artilheiro, quem cai?


      Resultados
Ceará 1 x 3 Vasco
Flamengo 4 x 0 Avaí
Atlético Mineiro 3 x 0 Atlético Paranaense
Santos 1 x 1 Internacional
Palmeiras 1 x 0 Botafogo
Figueirense 1 x 0 Cruzeiro
Coritiba 0 x 1 Atlético Goianiense
Grêmio 1 x 2 Corinthians
Fluminense 0 x 2 São Paulo
América Mineiro 2 x 1 Bahia

Média de gols: 2,4 gols por partida
Surpresa da rodada: Figueirense
Craque da Rodada: Ronaldinho Gaúcho
Golaço: Liédson


                 MACKHNÓ SERPA

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Carta ao nacionalismo e ao bairrismo

   Durante esse período próximo ao confronto que se realizou no Estádio Presidente Vargas (o famoso PV), entre Ceará e Flamengo, muitos hipócritas da mídia local e seguidores discorreram sobre a importância de os cearenses torcerem para o clube local. A eliminação do meu mengão (deixemos a falácia da imparcialidade de lado) inflou ainda o "orgulho cearense" da torcida do Ceará. Comemoram eufóricos a derrota dos "falsos cearenses". 
    Todo esse contexto me fez lembrar uma pequena crítica do famoso anarquista Mikhail Bakunin ao nacionalismo, que em sua essência também é válida para o bairrismo da torcida cearense:

"É preciso, pois, que reduza o assim chamado princípio da nacionalidade, princípio ambíguo, cheio de hipocrisias e de armadilhas, princípio de Estado histórico, ambicioso, ao princípio muito maior, muito simples e único legítimo, da liberdade: cada um, indivíduo ou corpo coletivo, sendo ou devendo ser livre, tem o direito de ser ele próprio, e ninguém tem o direito de impor-lhe seus costumes, sua vestimenta, sua língua, suas opiniões e suas leis; cada um deve ser absolutamente livre em si. Eis a que se reduz, em sua sinceridade, o direito nacional. Tudo que estiver além disto, não é a confirmação de sua própria liberdade nacional, mas a negação da liberdade nacional de outrem. O candidato deve, pois, detestar, como nós, todas estas idéias estreitas, ridículas, liberticidas e, conseqüentemente, criminosas, de grandeza, de ambição e de glória nacional boas apenas para a monarquia e para a oligarquia, hoje igualmente boas para a burguesia, porque lhe são úteis para enganar os povos e amotiná-los uns contra os outros para melhor submetê-los.
É preciso que em seu coração o patriotismo, ficado daqui para frente em segundo plano, ceda lugar ao amor pela justiça e pela liberdade, e que se necessário, se sua própria pátria separar-se destes valores, jamais hesite em tomar partido contra ela; o que não custará muito, se estiver realmente convencido, como deve estar, de que só há prosperidade e grandeza política em um país através da justiça e da liberdade."  Mikhail Bakunin


                                                     Mackhnó Serpa

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Balada de Madame Frigidaire



Sem palavras, genial crítca à sociedade pós-moderna e ao ligamento ás coisas materias do mestre Belchior!


                       Mackhnó Serpa