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domingo, 19 de junho de 2011

Um velhinho gigante


Hoje, quando cheguei da prova de seleção para as casas de cultura da UFC, passei o olho pela minha conta no Facebook. Eis o que vi em destaque no meu mural:

New York Giants
HAPPY FATHERS DAY TO ALL THE GIANTS FANS OUT THERE!
  Foi então que me veio a tona o que me ocorreu temporada passada:

  Lembro-me perfeitamente de Setembro de 2010 à Fevereiro de 2011, quando eu, nas minhas estranhas paranóias, assistia ao vivo e em tempo real pela internet, às partidas do New York Giants, equipe de futebol americano da NFL pela qual torço ferrenhamente. Ele, um velhinho doente e sem muitas forças, principalmente nos dias mais difíceis e agudos de sua doença, observava minha piração durante cerca de 3 horas e meia (tempo de uma partida) e nada dizia. Certa vez, o perguntei por que não dizia nada enquanto eu assistia a NFL? Porque me surpreende tu gostar desse esporte que traduz os Estados Unidos-disse, com olhar de decepção e como que me diz "te criei pra gostar de futebol e tu me vem com esse esporte? Colonizado de merda.". Continuei acompanhando os Giants, afinal, realmente gosto do esporte e da equipe, todavia, dali em diante com uma expressão de envergonhado quando perto dele.  

   Eis que, já pelo final da temporada, 15ª de 17 rodadas, eu estava viajando durante o horário da partida. Aflição 'gigantesca' na viagem, pois o jogo era importantíssimo para as possibilidades dos Giants avançarem na competição. Quando chego em casa, ele está usando o computador.
  -Ei, velhinho, deixa eu dar uma olhada rapidinha aqui no placar do jogo dos Giants.
  -38 x 31
  -Pra quem?
  -Seu time perdeu. Estava ganhando até perto de acabar,quando o Philadelphia virou.
  Passei um tempo triste por causa da derrota e então foi que caiu a ficha.
  -Onde viu o resultado?
  -Acompanhei o tempo todo.

  De repente, notei o que aquilo representava. Perguntei mais tarde a ele, por que tinha acompanhado 3 horas e meia de un esporte que ele nem mesmo gosta, ainda mais quando era tão doloroso pra ele ficar sentado. Foi então que ele me disse. "Acompanhei por que tu gosta. Sabia que te interessava e fiquei apreensivo torcendo também. Uma vitória desses caras te deixa feliz.Torci, mas não deu. Sou um pé frio da porra. Desculpa.". Dei um forte abraço nele e nunca mais esqueci disso. Já são 5 meses que ele se foi.



 
                                                                         Mackhnó Serpa

terça-feira, 14 de junho de 2011

Como escrever...

"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar.
Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."
                                    Graciliano Ramos

                                                                            MACKHNÓ SERPA

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Escrevendo por escrever. Será que alguém lê?

      O DIREITO DO PROTESTO  
 Realmente criativo e inteligente foi o que vi ontem durante a viagem de volta a Fortaleza: é normal dentro dos ônibus da tal empresa rodoviária haver uma espécie de caderninho padronizado para que os passageiros registrem suas reclamações, sugestões e possíveis ocorrências. Esse dito cujo fica guardado em um espaço próprio no vidro que fica atrás do motorista. Não sei o que houve, mas nesse ônibus (no qual viajei ontem), o citado espaço destinado estava vazio (talvez pelo fato de o ônibus ser do mais simples). Via-se, entretanto, escrito no vidro, a base de pincel e com letras garrafais: "Gostaria de reclamar por terem tirado o livrinho de reclamações!" 
     NO TAL ÔNIBUS DE NOVO
  É, amigos. Na chegada a Fortaleza, estampava uma placa da prefeitura: "Fortaleza brilha como o Sol". Embaixo, pichado: "E é esburacada como a Lua!"




               MACKHNÓ SERPA

                                       

Quem é?*

 Perco-me e flagro-me à beira do choro. Lendo Eduardo Galeano, a mais autenticamente humana mistura de tristezas, dores, alegrias, agonias e sorrisos domina inteiramente minha alma. Nessa mistura consiste a beleza da humanidade, e por conseqüência do Universo. Ora, quem é esse mestre, esse senhor, esse suposto Deus chamado Eduardo Hughes Galeano que tem a sutil habilidade de despertar nos homens a humanidade, de fazer sentir-nos como de fato somos e de chorar sorrindo? Talvez, mestre, você possa dar-me a resposta correta, afinal, nada mais és que um humano talentoso, como todos somos, não somos? É "apenas" isso que és. Afinal, se fosse Deus, seria, por tradição e até mesmo por definição, indiferente. Mas não é. 


* Pequeno texto escrito após ler novamente "O livro dos abraços" durante o "saculejo", frio e tédio durante a viagem de Fortaleza a Barbalha para ver minha pequena musa.

                                     Mackhnó Serpa