Busca

terça-feira, 26 de julho de 2011

Eugênio...

 Era um garoto que ,desde seu nascimento, sempre gostava de esquecer os problemas e gozar a vida. Seus pais até estranhavam como aquela criança tão raramente chorava, atitude tão comum para bebês de alguns meses de idade. Quando cagava ou mijava nas calças, ou estava com fome, náo chorava. Ria e fazia uma cara de coitado e de (como costumamos dizer no Ceará) "pidão". De fato, aquela era uma pessoa diferente. Eugeninho, ou geninho, como chamavam os pais, aos 7 anos de idade, via aquelas maravilhas e tesouros infantis em Shoppings (expostos de maneira estratégica a fod** com os pais) quando seus pais o levavam para passear, e em vez de chorar, espernear como seus colegas de idade, passava desapercebido e preferia na verdade correr, pular e traquinar com os que passavam.
 Mas, havia um problema. Eugeninho, destoava imensamente de sua família. Morava em uma casa na qual os conflitos eram constantes, moravam vários parentes, uns oportunistas, outros ingênuos demais, alguns outros mau-caráteres, outros gentis, alguns combativos. Era um família grande e desigualitária, onde todos buscavam seus interesses, nem sempre coletivos. E, uma coisa, toda a família tinha em comum: a sisudez. Justamente nesse aspecto, Geninho era único. Enquanto todos passavam sérios e compenetrados (muitas vezes cruzando a linha tênue que divide a seriedade e a antipatia), ele andava sempre de sorriso no rosto e brincalhão, irritando todos.
  O tempo passou, e ao contrário do que esperavam todos daquela grande estirpe, Eugênio não mudou. Ao invés de tornar-se um adulto sisudo devido a convivência diária, revelou-se uma pessoa animadora, divertida, farrista, brincalhona e alegre. Seus tios, principalmente os de melhor caráter o criticavam por ser muito displicente, por não se empenhar diante dos problemas da família. E ele:
  - Eu só quero rir da vida!- Dizia com sinceridade e com a reprovação de seus parentes. Com sinceridade, sim, pois Ernesto de fato não conseguiu levar nenhum projeto de vida a frente, por considerar que levar a vida a sério era uma grande perda de tempo
  Nunca fez mal a ninguém. Eugênio só queria mesmo brincar com a vida. E como ele, existem milhões ou bilhões de pessoas admiráveis no mundo que divertem-se com a própria existência. E assim como a família dele, é o mundo. Cheio de injustiças, desgraças e mau-caráteres. Tudo isso deixa esse tipo de personalidade em cheque: é válido rir enquanto acontece tudo isso? Na minha humilde opinião, sim. É a escolha mais admirável? Não. Devem ser criticados por isso? Eis a questão que me faço ao me deparar com tantas dessas pessoas todo dia...

                        Mackhnó Serpa