Mas, havia um problema. Eugeninho, destoava imensamente de sua família. Morava em uma casa na qual os conflitos eram constantes, moravam vários parentes, uns oportunistas, outros ingênuos demais, alguns outros mau-caráteres, outros gentis, alguns combativos. Era um família grande e desigualitária, onde todos buscavam seus interesses, nem sempre coletivos. E, uma coisa, toda a família tinha em comum: a sisudez. Justamente nesse aspecto, Geninho era único. Enquanto todos passavam sérios e compenetrados (muitas vezes cruzando a linha tênue que divide a seriedade e a antipatia), ele andava sempre de sorriso no rosto e brincalhão, irritando todos.
O tempo passou, e ao contrário do que esperavam todos daquela grande estirpe, Eugênio não mudou. Ao invés de tornar-se um adulto sisudo devido a convivência diária, revelou-se uma pessoa animadora, divertida, farrista, brincalhona e alegre. Seus tios, principalmente os de melhor caráter o criticavam por ser muito displicente, por não se empenhar diante dos problemas da família. E ele:
- Eu só quero rir da vida!- Dizia com sinceridade e com a reprovação de seus parentes. Com sinceridade, sim, pois Ernesto de fato não conseguiu levar nenhum projeto de vida a frente, por considerar que levar a vida a sério era uma grande perda de tempo
Nunca fez mal a ninguém. Eugênio só queria mesmo brincar com a vida. E como ele, existem milhões ou bilhões de pessoas admiráveis no mundo que divertem-se com a própria existência. E assim como a família dele, é o mundo. Cheio de injustiças, desgraças e mau-caráteres. Tudo isso deixa esse tipo de personalidade em cheque: é válido rir enquanto acontece tudo isso? Na minha humilde opinião, sim. É a escolha mais admirável? Não. Devem ser criticados por isso? Eis a questão que me faço ao me deparar com tantas dessas pessoas todo dia...
Mackhnó Serpa